terça-feira, 8 de abril de 2008

quem roubou meu fígado?

Ainda fugindo da minha persona como poeta, investigo outros estilos. Uma anti-auto-ajuda. Por isso...quem roubou meu (queijo, guaradanapo, taco de sinuca, gato) ... analogia fraca, mas intencional!







Partes de um não corpo



Uma mão que não é minha.

Um pé que anda sem minha perna.

Um coração que não mais bate.

Um outro corpo sobre o meu.

Uma imagem que não reflete.

Um dedo que não aponta.

Um olho que não vigia.

O outro que não espia.

Uma boca que não murmura.

Umbigo que não respira.

Um pulmão que não infla.

Uma orelha que não escuta.



Mas a voz, essa voz, ainda pálida, deixou de ser muda.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Fingimentos

Como dizia Fernando Pessoa, o poeta é um fingidor. Aqui fica uma tentativa de fingimento como homem colonialista.




Poeminha para Mia Couto


Te perdestes na relva, gaja?
Ainda sabes do teu rumo?
Bota teu coração em caixa
Vem que eu o pego e aprumo

Vendestes a alma gaja?
Ou perdestes a língua?
Tira teu seio da faixa,
Vem que te beijo à finda

Morrestes de dor, gaja?
Ou partistes em doença?
Não vem que não te quero mais.
Marcada por essas balas, por outros violada
Andas agora coxa.
Prefiro restar-me apenas com a tua imagem em crença