quarta-feira, 7 de novembro de 2007

O pulitzer da solidão

Uma passagem do último livro do Philip Roth, "Homem comum", me chamou muita atenção. Ela é relativamente simples e não tem nada de excepcional como literatura, mas casa muito bem com a situação de desconsolo que o livro propõe: o envelhecer, a morte e a vida em toda sua pobreza. No imaginar das relações shakespearianas como pontos sadios e lúdicos, quando na verdade, resta apenas a mais violenta solidão. O encontrar-se com o outro é sempre violentamente individual e a paixão é terrivelmente amarga de tragar (e viva meu plágio de Chico Buarque)....



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Fica a passagem:



"'O que fiz de tão errado?', perguntou Phoebe, 'pra você querer me humilhar dessa maneira? Porque é que você quis destruir tudo? Será que estava tão horrível assim?Eu já devia ter me recuperado do choque, mas não consigo. (...) Você nem sabia que eu sabia, não é? Então, eu sabia.' (...) Mas essas histórias são muito conhecidas e não é preciso entrar em maiores detalhes. Phoebe o expulsou na noite após o enterro de sua mãe; eles se divorciaram depois de negociar um acordo financeiro..."





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E o Pulitzer vai para a solidão...não é uma grande literatura em termos estéticos, mas é uma "pêga" (como diz o povo que tanto amo) ... é uma "pêga de tratado filosófico"....