Escrevo via Rilke um recado...
"Amar também é bom: porque o amor é difícil. O amor de duas criaturas humanas talvez seja a tarefa mais difícil que nos foi imposta, a maior e a última prova, a obra para a qual todas as outras são apenas uma preparação. Por isso, pessoas jovens que ainda são estreantes em tudo não sabem amar: tem que aprendê-lo. Com todo o seu ser, com todas as suas forças concentradas em seu coração solitário, medroso e palpitante, devem aprender a amar. Mas a aprendizagem é sempre uma longa clausura. Assim, para quem ama, o amor, por muito tempo e pela vida afora é solidão, isolamento cada vez mais intenso e profundo. O amor, antes de tudo, não é o que se chama entregar-se, confundir-se, unir-se a outra pessoa. Que sentido teria a união de algo esclarecido, inacabado, dependente? O amor não é uma ocasião sublime para o indivíduo amadurecer, tornar-se algo em si mesmo, tornar-se um mundo para si, por causa de um outro ser; é uma grande e ilimitada exigência que se lhe faz , uma escolha e um chamado para longe. Do amor que lhes é dado, os jovens deveriam servir-se unicamente como de um convite para trabalhar em si mesmos ("escutar e martelar dia e noite"). A fusão com o outro , a entrega de si, toda espécie de comunhão não são para eles (que deverão ainda juntar durante muito, entesourar); são de açgo acabado para o qual, talvez, mal chegue atualmente a vida humana."
Deixo um breve trecho de Cartas a um jovem poeta, do Rilke. Livro que li, reli e treli. Muito pouco dele compreendo, talvez porque com ele eu veja muito de mim - daquilo que não quero ver.
No mais, registro essa pequena parte para alguém (inominável), mas real em toda minha imaginação.
Play It By Trust (White Chess Set), 1966
Há uma semana
