sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Vícios?

Há tempos que não venho - este estava na gaveta e teve vontade de sair.




No intervalo dos cigarros

Um, dois, vinte.
tragada leve.
Um, dois, vinte e três.
Tragada em curso.
Um, dois, vinte e cinco.
A tevê entretê.
Um, dois, quinze.
Notícia ruim, o João cadê?
um, dois, seis.
Acabou o leite, o pão. - Vai você.
Um, dois, dois.
Não quero mais, não sei dizer.
Um, dois, um.
Cheiro novo. Batom. (ironia) É seu?
Um, dois, um.
Dor no peito. - Alô, Doutor. Tem hora?
um, meio, um, um, um.
É, querida. Percebemos tarde demais.

segunda-feira, 12 de abril de 2010



desalento

Sabe, pequena índia
aquela estrela consumiu toda água da terra
levou consigo os peixes, as plantas e os sais
levou meus sonhos, viveu meus medos
lavou a pele do peixe-boi
e roubou a mim, teu curumim

segunda-feira, 22 de março de 2010

há tempos



Oito

Pequenos, rotos
e já quebradiços
Como viscose cheirando a guardado
seus seios não amamentam mais

terça-feira, 26 de maio de 2009

De volta

Uma brincadeira; verso ainda em trabalho. Me atrapalhei muito com o ritmo, mas, por enquanto, é o que é.

Hora das meninas

Calma, pedia Alice

Ana nada respeitava:

- cabe aos deuses a resposta?

na verdade, hora morta,

respondia Alice em prosa

Um dois três

o relógio anunciou

a paródia terminou:

Alice matou Ana

e aos céus não mais voltou

terça-feira, 14 de abril de 2009

Hora de mudança

Sei que a mudança do chamado "layout" não foi grande, mas foi uma tentativa. Um esboço da minha reformulação, produto das minhas idas e vindas por outras culturas, novo emprego, novo coração, novos sonhos. Saiu Drummond, entrou Saleh. A crítica a dita adormecida deixou de ser velada - é explícita. Produto de crescimento? Talvez. Fica, porém a vontade-alma da infância recém abandonada. A saudades, eterna saudades de um passado de menina. 

No mais, deixo uma nova tentativa, a ser, como sempre, posteriormente (ela também) reformulada. 


****


A prosa da menina

Certo dia, ouvi uma menina a dizer 
que queria os sonhos dos tolos
dos moços, dos travessos e daqueles a viver 

Que queria ouvir as trepadeiras 
e sentar no balanço de vigas expostas
Que queria brincar de esconder
e fugir dos padres e hóstias 

Que queria ser arredia,
viúva, mulher e bacante
Não em ordem, repetia

Que queria viver de rosas
e não mais desejar um jardim
Que queria se banhar em ouro
e escrever em si mesma de nanquim

Ah. como queria, ela dizia

E, ao passo do discurso, sem perder de vista o fim
ela insistia em seu querer
Que queria ser querida
sem querer nem mesmo a mim